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O Efeito Kuleshov

O que é mais importante num filme: a expressão dos atores ou a montagem das cenas? Há cerca de um século, muito antes de efeitos especiais complexos e computação gráfica, o cineasta russo Lev Kuleshov (1899-1970) buscou responder à pergunta com um experimento simples. Kuleshov intercalou frames da face “inexpressiva” do ator Ivan Mosjouskine (1889-1939) com imagens de um prato de sopa, uma criança morta e uma mulher atraente.

Todas as imagens usadas eram de arquivo e só foram unidas pela montagem que Kuleshov fez. Cada uma das três cenas foi exibida separadamente. Embora a aparição (curtíssima) de Mosjoukine em cada cena fosse a mesma em duração, o diretor, ator e roteirista Vsevolod Pudovkin (1893-1953) notou que a audiência reagia de maneira diferente à expressão do ator. A expressão era a mesma, mas tudo dependia do contexto. Segundo Pudovkin:

[Eles admiravam] a pesada melancolia de sua expressão diante de sopa, foram tocados e comovidos pela tristeza profunda com que ele olhava para a criança morta, e viram luxúria quando ele observou a mulher.

Para Kuleshov, essa era a prova da importância e da efetividade de uma boa montagem. A audiência reage não aos elementos do filme, mas à sua justaposição. É a sequência de imagens que sugere uma emoção, que é projetada pelo público nos atores.

Em uma entrevista de 1964 para o espetáculo Telescope , Alfred Hitchcock chamou essa técnica de “cinemática pura - montagem de filme”. Sir Hitchcock diz que se um close-up de um homem sorridente é cortado com uma foto de uma mulher brincando com um bebê, o homem é retratado como "bondoso" e "simpático". Da mesma forma, se a mesma foto do homem sorridente for cortada com uma garota de biquíni, o homem é retratado como "sujo". Como podemos ver abaixo:

Referência:

PINCELLI, R. O Efeito Kuleshov. Hypercubic, 2014. Disponível em: <http://scienceblogs.com.br/hypercubic/2014/01/o-efeito-kuleshov/>. Acesso em: 19 jul. 2018.

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